A Justiça Eleitoral enfrenta uma crise de força de trabalho e discute formas alternativas para driblar a criação de cargos e nomeação de novos servidores efetivos. Quem afirma agora não são só os sindicatos, sim gestores dos próprios Tribunais Regionais e do Tribunal Superior Eleitoral. E para a maioria deles, grande parte das pretensas soluções passa por medidas precarizantes. Essa é a principal pauta do 87º encontro do colégio de presidentes dos TRE’s, que ocorre no próximo dia 20, em São Paulo.Respondendo a “Prospecção de ações para mitigar ou sanar a insuficiência da força de trabalho”, feita pelo TSE no final de 2024, no geral, os gestores levantaram todo tipo de ideias, de curto, médio e longo prazos, menos repor e ampliar o quadro de servidores concursados conforme a necessidade.O documento do TSE anuncia “temporada de precarização”. Mas, é valioso para uma visão da realidade concreta e do que no geral povoa a cabeça dos gestores como saídas para sanar os problemas. Merece análise concreta, profunda e corajosa pela categoria e seus sindicatos para ajustada inserção no debate em defesa da categoria e do serviço eleitoral.Terceiriza que melhora?A carência de força de trabalho foi identificada centralmente no atendimento ao eleitor, em processos de inscrição eleitoral e alterações/revisões/regularizações, cadastramento biométrico. Também atividades no período crítico das eleições (suporte logístico, “técnicos de urna”, assistentes administrativos-internos-apoios aos cartórios) e serviços de TI. Porém, no dia a dia, a reclamação é geral em todos os setores.A problemática no 1º grau se relaciona com a dificuldade crescente de renovação de requisitados. O problema se acirrou à beira da Eleição 2024 pela demora do TSE na prorrogação de requisitados e forte pressão do TCU. As requisições que tinha prazo até 2023 foram prorrogados até junho 2025, com o TCU impondo que obter solução definitiva. E nisto, as soluções mais sugeridas pelos gestores passam por ela: a terceirização!Desde atendimento nas CAEs, técnicos de urnas e assistentes (período eleitoral mais crítico), até terceirização do desenvolvimento de soluções de TI. A sugestão mais lida é terceirizar! As demais sugestões estão agrupadas em “reestruturação organizacional”, “melhoria em processos de trabalho” e “gestão de pessoas”.O relatório traz alertas para obstáculos e riscos da terceirização - segurança de dados, violação do RJU, fiscalização de órgãos de controle e, claro, falta de orçamento – porque terceirizar custa muitos recursos públicos, embora os trabalhadores terceirizados recebam salários muito baixos e com registros de atrasos e descontinuidades.“Residência jurídica” sem máscara!Ao lado da terceirização, outra forma de substituir servidores aparece com frequência: a “residência jurídica”. Tipo de “estágio de pós-graduação” sem previsão legal, foi criada pelo CNJ e regulada em alguns tribunais sob argumento formal como medida “pedagógica”. Mas, está exposta pelos gestores da JE como o que é: substituição de servidor por via transversa.É forma precarizada de contratação. Seleção simplificada, salários muito rebaixados, sem direitos, sem estabilidade, sem delimitação clara de atribuições com as da carreira de servidora(e)s e sem fixação de percentual frente ao quadro próprio etc. são sintomas da precarização da carreira dos servidores do PJU e para a norma constitucional do concurso público, do combate ao nepotismo e das garantias para o serviço.Rezoneamento - regionalização “como na Justiça Federal”Oura parte das sugestões apontou “melhoria dos processos de trabalho” e “revisão da estrutura organizacional”, havendo propostas mais pontuais sobre “política de gestão de pessoas” e até sobre a saúde da categoria, embora muito lateralmente.As propostas de chegar ao atendimento 100% digital ao eleitor, ampliando o auto atendimento (TituloNet e e-Titulo), e reduzir atendimento presencial e a estrutura física já em implantação, com perspectiva de crescimento com I.A. e outras ferramentas. Mas, para isso, também faltam servidores (na TI) e orçamento – carência apontada para quase todas as propostas.Já na parte organizacional, gestores formam quase consenso em torno da redução da estrutura da JE em cidades do interior - extinguindo zonas, redimensionando quantidade de eleitores por ZE, aglutinando-as em polos regionais, extinguindo unidades na maioria das cidades, “como na Justiça Federal”.É o já conhecido - e sempre acompanhado de problemas - rezoneamento. Inclusive com o risco de copia-e-cola de soluções de outros ramos da Justiça que não têm competências e específicas e especializadas da JE. A sugestão de “polos” na prospecção do TSE parece improvisada e com poucas considerações da necessidade de presença de servidores e juízes e promotores nas cidades, em períodos eleitorais, fiscalização da propaganda etc.Obstáculo: SindicatosAlguns gestores apontam os sindicatos como obstáculos para propostas e sugerem a busca de diálogo com as entidades representativas dos servidores. Não é à toa, dada a importância dos sindicatos como instrumentos para defesa de direitos e interesses da categoria, mas não só.Os sindicatos são espaços de análise crítica livre, sem “oba-oba” ou modismo a favor de medidas aparentemente fáceis para problemas do Judiciário e do serviço eleitoral. Diversas medidas sugeridas afetam a carreira, direitos da categoria, grupos de servidores sobretudo no interior e até a segurança do serviço público.Há riscos: à segurança de dados, de regressão na autonomia dos serviços eleitorais frente a chefes políticos locais, de interrupção de serviços, de piora no atendimento à população no acesso a serviços, na fiscalização do processo eleitoral, de instrumentalização política por empresas do acesso ao trabalho no serviço público, de piora na desvalorização da categoria etc.A categoria precisa ter voz no processo e o instrumento são os sindicatos. Atravessamos contexto de inovações tecnológicas disruptivas e crescimento fantástico de produtividade. É fundamental a luta por redução dos impactos negativos e por melhoria nas condições de trabalho, de jornada, de saúde e qualidade de vida, de valorização de quem faz o PJU no dia a dia.Link do documento do TSE: https://drive.google.com/file/d/1PFgm4ItaNfuwrKaFnC0rJbFehl4oa-o3/view?usp=sharing
Acesso à informação: Sintrajuf-PE busca dados sobre verba de pessoal no TRT6
O Sintrajuf-PE solicitou informações detalhadas ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6) sobre as medidas de contenção de gastos recentemente recomendadas pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) através do Ofício Circular n.º 07/2024.
Nota de pesar
O Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário da União em Pernambuco – Sintrajuf-PE expressa profundo pesar pelo falecimento do servidor José Paiva de Lima Filho, agente da Polícia Judicial, lotado no núcleo de Polícia Judicial do Interior e RMR, que desempenhava suas funções no Fórum de Igarass
Sintrajuf-PE convoca categoria para ato pela reestruturação de carreira
O Sintrajuf-PE convida a categoria a participar do Dia Nacional de Lutas, mobilização nacional, que defende a reestruturação das carreiras, antecipação das parcelas de 2025, retroativo dos Quintos, nomeações, isonomia no tratamento do auxílio-saúde, entre outras pautas de interesse da categoria.