O governo Bolsonaro pretende apresentar projeto de lei para dificultar o acesso da população à Justiça Federal em ações previdenciárias contra o INSS. A equipe econômica busca impor a cobrança de custas, em caso de sucumbência.
A finalidade declarada é reduzir, na base da agressão econômica, a judicialização de benefícios previdenciários e assistenciais. A imprensa registrou que 15% dos benefícios pagos pela autarquia são obtidos pela via judicial.
Os mais pobres novamente na mira
Embora a equipe econômica tenha informado que irá resguardar os mais carentes, os casos mais frequentes, nesse universo, são de
aposentadorias especiais, de trabalhadores submetidos a agentes nocivos, de BPC (Benefício de Prestação Continuada), assistencial que atende idosos em situação de carência e pessoas com deficiência, e aposentadoria rural, que minimiza a extrema pobreza rural.
Não custa lembrar que a reforma da previdência proposta inicialmente por Bolsonaro/Guedes visava afetar duramente esses mesmos setores indicados acima. Mas, a resistência popular e a falta de articulação do governo resultaram na exclusão do BPC da PEC e na alteração de outros itens. A equipe econômica parece buscar uma “vingança” contra essas faixas empobrecidas dos trabalhadores.
A reforma aprovada vai retirar em torno de 80%, nos primeiros 10 anos, e de 90%, nos 10 anos seguintes, de toda a “economia” alegada sobre os trabalhadores do Regime Geral, que recebem seus benefícios pelo INSS. Também vale recordar que o governo já havia aprovado lei que restringe o acesso da população do interior à Justiça Estadual, em causas previdenciárias, quando não houver Vara Federal.
Fundamentalismo neoliberal
O argumento utilizado pelo governo é mais uma vez o de “reduzir direitos para incentivar o mercado, o desenvolvimento, o emprego”. Essa falácia já foi desmoralizada após outras medidas como a reforma trabalhista, que completou uma ano sem produzir nenhum efeito positivo.
Não é gratuito que um dos mentores desse novo ataque contra os trabalhadores seja o ex deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), hoje secretário especial da previdência do governo Bolsonaro, relator da reforma trabalhista proposta pelo governo Temer.
No projeto anunciado, o governo pretende ainda limitar o acesso aos Juizados Especiais Federais, que julgam causas como as de direito do consumidor. O argumento recorrente é reduzir o número de processos contra empresas infratoras “para gerar empregos”.
Medidas como a justiça gratuita e o livre acesso aos juizados, em causas de pequeno valor, algumas até sem necessidade de advogados, atendem ao princípio constitucional do acesso à Justiça. A política de estado mínimo em vigor é inimiga dos serviços públicos universais, considerando qualquer faixa de renda acima da miserabilidade como "privilegiada". De fato, o que se revela é a velha intenção de ampliar a retirada de direitos e renda da classe trabalhadora e desmontar sistemas públicos de serviços para abrir mercado á acumulação privada.
Nota do Sintrajuf/PE sobre o cancelamento da greve geral no dia 5
A cúpula das seis centrais sindicais decidiu suspender a greve geral marcada para o dia 5, sob o argumento de que a votação da reforma da previdência foi adiada. Aqui em Pernambuco o ato da terça (5) na Praça do Derby, às 15h, está mantido. Está mantida também a concentração no TRE às 14h.
Trabalhadores protestam no Derby contra reforma da previdência
Apesar da suspensão da greve geral pela cúpula das centrais sindicais, os trabalhadores e trabalhadoras foram para a rua nesta quinta-feira (05), mostrando disposição de luta e resistência contra a reforma da previdência do Governo Temer.
Sintrajuf e comissão predial da JF fazem vistoria em área que será o estacionamento do JEF
O grupo esteve no local, que fica ao lado do Museu do Trem, no centro da cidade, para fazer uma vistoria na área que foi concedida pelo Iphan para uso dos servidores da Justiça Federal lotados no Juizado Especial Federal (JEF).