No mesmo dia que o Brasil aprovou a Reforma da Previdência no Senado Federal, que muitas vezes utilizou o modelo previdenciário chileno como modelo, o presidente chileno Sebastián Piñera, pediu perdão "pela falta de visão" e anunciou uma ampla agenda de reformas sociais. O anúncio foi feito ontem (22), após cinco dias de manifestações que deixaram pelo menos 15 mostos e mais de cinco mil feridos. Medidas incluem aumento em aposentadorias e proposta de redução no número de parlamentares e limites às reeleições.
A crise começou na semana passada, quando o governo decidiu aumentar o preço da passagem do metrô em Santiago. A onda de inconformidade dos jovens chilenos permaneceu mesmo depois que Piñera decidiu retirar a medida no sábado passado. Os manifestantes deixaram claro que não era somente pelo aumento da tarifa, era pela saúde, pela educação, pelos direitos.
O que se percebe é que a população chilena está protestando contra a maioria dos serviços públicos privatizados, contra o sistema previdenciário que empobreceu os aposentados – o país possui alta taxa de suicídio na terceira idade.
"Chega de aumentos, basta de injustiças. As pessoas não vão parar até que o governo reconheça: a luz, a água, tudo está sendo vendido neste país", disse à uma emissora de televisão um manifestante.
As manifestações são um reflexo de um capitalismo que faz com que 50% da população viva com menos de um salário mínimo, reduz direitos trabalhistas e amplia a jornada de trabalho.
Embora não se saiba qual será a verdadeira dimensão das atuais manifestações, os últimos dias podem ser classificados com um dos momentos mais violentos que o Chile viveu em décadas.
Crises parecidas aconteceram no Peru e no Equador.
Veja em resumo as principais medidas anunciadas:
- Aumento de até 20% nas aposentadorias de alguns grupos;
- Criação de seguro contra catástrofes, caso os gastos de saúde superem o teto – medida a ser apreciada pelo Congresso;
- Estabilização das tarifas de eletricidade, com anulação do recente aumento de 9,2%;
- Ajuda mínima de 350 mil pesos chilenos (cerca de R$ 1,97 mil) para trabalhadores com jornada completa que tenham salário inferior a esse valor;
- Aumento nos impostos a pessoas com renda superior a 8 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 44 mil);
- Redução nos salários de parlamentares e funcionários da administração pública.
Fontes: Folha de São Paulo, BBC Brasil, Mídia Ninja e AFP