O Judiciário está acelerando seu processo de reestruturação tecnológico-produtiva, com introdução de ferramentas da “indústria 4.0”, sob comando do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em parceria com programa da ONU (PNUD), o CNJ está coletando dados sobre impactos do Núcleos de Justiça 4.0, Balcão Virtual e Juízo 100% Digital. O TRF5 e outros 83 tribunais participam da pesquisa, aberta até 03 de março.
A política tecnológica do CNJ centra-se no Programa Justiça 4.0, que disponibiliza inovações, como a inteligência artificial (I.A), para tribunais incorporarem em seus processos de trabalho. A intenção anunciada é tornar o judiciário mais moderno e próximo da sociedade, promovendo mais rapidez, eficácia, economia e acessibilidade aos serviços.
Na pesquisa, a situação da(o)s servidores é objeto de algumas questões, como: fortalecimento de modelos de trabalho em rede/colaborativos; remanejamento de servidores exclusivamente para balcão virtual; sobrecarga no atendimento a advogados; aumento de desrespeitos/descortesias nos atendimentos; novas formas de gerenciamento do trabalho; e redução de gastos com transporte e sobre a recente restrição ao teletrabalho.
O questionário está aqui: https://www.trf5.jus.br/index.php/noticias/leitura-de-noticias?/id=324685
São inúmeros os exemplos de que reestruturação está em curso acelerado. O TRF5, por exemplo, mantém um Laboratório de Inovação e realizou edição do Encontro Nacional de Tecnologia e Inovação da Justiça Federal (Enastic), em março de 2022, em parceria com a empresa Judiciário Exponencial (JE). O propósito da JE é “preparar instituições e pessoas para a Justiça do Futuro”, “revolucionar a maneira de levar inovação para profissionais da Justiça (...) através do fortalecimento do ecossistema, educação e consultoria” e “acelerar a inovação e a transformação digital nas instituições de Justiça”.
Mas, qual seu papel da(o)s servidora(e)s nesse processo? Como são afetados e como devem se posicionar sobre essa “revolução industrial 4.0”?
>> Impacto sobre a categoria e a necessidade de democratização do CNJ
Como toda reestruturação produtiva, é grande e crescente o impacto sobre os processos de trabalho e sobre os servidores – existência dos empregos e reflexos sobre saúde, sobrecarga, alienação e precarização do trabalho, transições humanizadas etc. Mas que posição tomar? Ficar contra as inovações tecnológicas e sua implantação? Não se preocupar, aplaudir, abraçar a “cultura da inovação” acriticamente?
No nosso 11º Congrejufe (maio 2022), o tema foi a debate. Na resolução aprovada, o processo de reestruturação tecnológico-produtiva no PJU é tratado com olhar crítico. Ela aponta, de um lado, a realidade no modo de produção geral de surgimento de tecnologias disruptivas – que impulsionam produtividade e transformações desestruturantes no mundo do trabalho –, e seus reflexos no serviço público e no Judiciário.
De outro lado, aponta a apropriação desses avanços tecnológicos pelas ideologias e políticas de “estado mínimo” e sua imposição vertiginosa, sob lógica capitalista-financista, em contexto de criminalização da despesa pública, anti-servidor, de precarização do trabalho. Essa ideologia presente também nas cúpulas do judiciário e no CNJ – que é o comandante-gestor do judiciário e impõe mudanças sobre o trabalho sem ter que escutar trabalhadores.
Um processo de tamanha complexidade exige reflexão e posicionamento adequados, tarefas postas a todo o movimento sindical e para nossa categoria também.
Nota do Sintrajuf/PE sobre o cancelamento da greve geral no dia 5
A cúpula das seis centrais sindicais decidiu suspender a greve geral marcada para o dia 5, sob o argumento de que a votação da reforma da previdência foi adiada. Aqui em Pernambuco o ato da terça (5) na Praça do Derby, às 15h, está mantido. Está mantida também a concentração no TRE às 14h.
Trabalhadores protestam no Derby contra reforma da previdência
Apesar da suspensão da greve geral pela cúpula das centrais sindicais, os trabalhadores e trabalhadoras foram para a rua nesta quinta-feira (05), mostrando disposição de luta e resistência contra a reforma da previdência do Governo Temer.
Sintrajuf e comissão predial da JF fazem vistoria em área que será o estacionamento do JEF
O grupo esteve no local, que fica ao lado do Museu do Trem, no centro da cidade, para fazer uma vistoria na área que foi concedida pelo Iphan para uso dos servidores da Justiça Federal lotados no Juizado Especial Federal (JEF).