Por Geraldo Euclides
Tem gente que despreza a história e, estupidamente, acha que o Brasil não é racista. Há também os que afirmam ser melhor não se ocupar do problema, estilo Morgan Freeman: se você quer acabar com o racismo, é só não falar mais dele. Não é brilhante o raciocínio? Pois bem, não é só ele que pensa assim. Em tempos áureos de negacionismo, distopias, e ideologia neoliberal, Morgan Freeman caiu feito uma luva nas mãos de mentes distorcidas. Vários pretos – especialmente alguns que conseguiram um bom lugar na sociedade – e brancos dizem coisas parecidas.
Se os negros são mais pobres que os brancos, a culpa é deles que não fazem por merecer. Se os negros são mais assassinados que os brancos e sofrem mais com a violência policial, é porque devem estar fazendo por merecer. Existem ainda aqueles que, tangenciando o problema do racismo, acham desnecessário dar tanto destaque aos inúmeros eventos de discriminação racial que, concretamente, ocorrem com negros e negras no seio da sociedade. Dizem que dar realce aos repetidos casos é como “chover no molhado”, num solo já tremendamente mais que encharcado.
Será que as dores que as injustiças sociais e as discriminações causam não devem ser gritadas? Devem sim! Não só por quem as sofre diretamente, mas também por quem as compreende. Não, não é exagero dizer que o racismo é o maior de todos os problemas do Brasil, com repercussões custosas e negativas por todos os lados.
Em momento oportuno, o abolicionista José Bonifácio disse que a escravidão era um "cancro mortal que ameaçava os fundamentos da nação". Com efeito, digo que nosso racismo e a discriminação racial são o infortúnio que – por uma espécie de maldição da escravidão – condena a sociedade inteira a um eterno atraso civilizatório. Tem dúvidas? Veja o poema Navio Negreiro, de Castro Alves, e diga se não sente o mesmo. Tem dúvidas? Leia a obra Escravidão, do jornalista Laurentino Gomes (trilogia), e diga se não sente o mesmo.
Sem os negros escravizados não existiria um país chamado Brasil. Foram quem sustentou os ciclos de produção de riquezas do país: pau-brasil, açúcar, ouro, algodão, borracha, café. Se viver como escravizados já não era nada bom, a abolição (1888) não lhes reservou melhor sorte. Sem moradia, emprego ou pedaço de terra para cultivar, os negros seguiram abandonados à própria sorte; fato tão amplamente conhecido de todos nós.
Não encarar o problema do racismo, do preconceito e seus efeitos na vida de pessoas e na sociedade é manter-se, sobretudo, no plano da injustiça, da crueldade e da covardia, algo que compromete a condição de sociedade e ser humano. “O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África”, disse o padre jesuíta Antônio Vieira, o que nos propicia pensar, por fim, que sem Consciência Negra, o Brasil será para sempre um corpo sem alma.
Geraldo Euclides, filósofo e servidor do TRT6
Presidente do Sintrajuf-PE é eleito para coordenação da Fenajufe
O presidente do Sintrajuf-PE, Manoel Gérson foi eleito para compor a nova coordenação da Fenajufe, no 11º Congrejufe. O representante pernambucano integrou a chapa “Democracia e Luta” e ocupará uma das coordenadorias executivas, a ser definida em reunião do colegiado eleito.
Começa o 11º Congrejufe. Sintrajuf-PE já presente no maior encontro da categoria
A 11ª edição do Congresso Nacional da Fenajufe (Congrejufe) foi oficialmente aberta, ontem (27), que será realizada até domingo (1º de maio) em Alexânia, cidade localizada em Goiás.
Recomposição salarial: ato no STF abre atividades do 11º Congrejufe
Antes de se deslocarem para o local onde acontecerá o 11 º Congrejufe, as delegações dos estados, incluindo o Sintrajuf-PE farão uma parada no Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção é pressionar os ministros para encaminharem o projeto de reestruturação das Carreiras ao Congresso Nacional.