JUSTIÇA ELEITORAL 10 de Setembro de 2021 - Por SINTRAJUF/PE

Barroso rebate Bolsonaro que recua em declaração, mas volta a descreditar urnas


Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Luís Roberto Barroso rebateu na última quinta-feira (9) aos discursos golpistas do presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. Barroso abriu a sessão da corte eleitoral com duro discurso para rebater as acusações que o chefe do Executivo fez e continua a fazer sobre o sistema eleitoral, além dos ataques pessoais a ele dirigidos pelo mandatário.


“Todas pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”, afirmou Barroso. “Quando fracasso bate à porta, é preciso encontrar culpados.”O ministro disse ainda que “o populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, pode ser a imprensa, podem ser os tribunais”.


A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro, teve início quando o presidente disse que as eleições de 2022 somente seriam realizadas com a implementação do sistema do voto impresso —a proposta já foi derrubada pelo Congresso. No discurso em São Paulo, no 7 de Setembro, Bolsonaro também voltou a mirar o sistema eleitoral. “Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque não é”, afirmou. “Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE”, acusou, mais uma vez sem qualquer prova, o presidente da República.


Ataques ao sistema eleitoral e à urna eletrônica fazem parte da retórica do presidente Jair Bolsonaro desde a campanha. Na véspera do pleito, em outubro de 2018, ele afirmou que só perderia se houvesse fraude. ?“Isso só pode acontecer por fraude, não por voto, estou convencido”, disse em live em outubro de 2018.


Até hoje, não há evidências de que tenham ocorrido fraudes em eleições com uso da urna eletrônica. A urna possui diferentes medidas de segurança e de auditoria.


CARTA E NOVOS ATAQUES


Após discurso do ministro Luís Roberto Barroso, Jair Bolsonaro publicou uma “Declaração Nação”, redigida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), em que afirmava ter falado “no calor do momento” e que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.


Contudo, em sua live semanal, Bolsonaro voltou a criticar Barroso e o sistema eleitoral do Brasil. “Palavras bonitas, que sei que o ministro Barroso tem, dada a sua formação de jurista, diferente da minha, que tem palavrão de vez em quando, mas não convence ninguém”, afirmou.


“Se está anunciando novas medidas protetivas por ocasião das urnas é porque elas têm brecha. É porquê, Barroso, elas são penetráveis. Entendeu, Barroso? Ministro Barroso, entendeu? As urnas são penetráveis, as pessoas podem penetrar nelas”, disse o presidente com insinuações de cunho sexual.


Em seguida, foi mais uma vez desrespeitoso com o presidente do TSE. “Democracia é contraditório. Eu posso gostar e tu não gostar. Já imaginou se eu gostar da mesma coisa que o Barroso?”, ironizou.