ESPAÇOS POLÍTICOS 4 de Dezembro de 2019 - Por SINTRAJUF/PE

Sintrajuf participa dos debates durante o Encontro Nacional das Mulheres do PJU

O Sintrajuf-PE enviou as servidoras Marcela Soriano (também diretora do sindicato) e Kátia Saraiva para participar do Encontro Nacional de Mulheres do PJU e MPU. O evento promovido pela Fenajufe reuniu servidoras de vários estados em Brasília, no último sábado (30). Entre os temas debatidos: a atual conjuntura política e econômica, as relações de trabalho, as violências de gênero e a importância da participação das mulheres nos espaços políticos e sindicais.

O primeiro painel do evento debateu “Conjuntura, relações de trabalho e atuação política e sindical da mulher”. Marilane Teixeira, economista e pesquisadora na Unicamp, fez um apanhado histórico do sistema financeiro no mundo e como ele mudou nas últimas décadas. De acordo com a economista, o Estado mínimo serve única e exclusivamente aos interesses do Capital. Marilane explicou que o ajuste fiscal e o sistema da dívida pública, que consome a maior parte do orçamento federal, são ferramentas de sustentação desse modelo econômico.  Ela citou, ainda, a aprovação da EC 95 (Teto dos Gastos), e as reformas trabalhista e previdenciária.



Juliana Iglesias Melim, professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ressaltou as dificuldades das mulheres de participarem de espaços sindicais por conta do acúmulo de funções, muitas vezes assumindo duplas e triplas jornadas.  Juliana afirma que, apesar da atual conjuntura de aprofundamento dos ataques aos direitos da população, as desigualdades no país são estruturantes. “As desigualdades são resquícios de um Brasil patriarcal e racista, marcado por mais de 300 anos de escravidão e de longos anos de ditaduras Vargas e a empresarial-militar. Um país que sempre negou os direitos da população e tratou com repressão as lutas sociais.”



A precarização das condições de trabalho, as vulnerabilidades jurídicas e a opressão econômica são conjunturais. É nesse contexto que o machismo encontra espaço fértil para reprodução e perpetuação.

Os trabalhos durante o período da tarde começaram com a dinâmica “Vivências”, conduzida pela cantora venezuelana Damelis Castillo. Nesse sentido, foi também discutido a necessidade de aproximar os movimentos identitários (feminista, negro, LGBT) , fazendo uma interseção desses assuntos com os movimentos sociais, com a classe trabalhadora, bem como com a valorização do serviço público. 

Em seguida, o segundo painel apresentado por Danieli Balbi, professora de comunicação e realidade brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), abordou o assunto da crescente violência contra a mulher, que em, inclusive, aumentado, substancialmente, em nosso Estado. Violência esta que se manifesta chegando ao mais extremo que é o feminicídio. 


Nesse contexto, discutiu-se a necessidade de implantação de políticas públicas que combatam, direta e verdadeiramente, o problema. Contudo, em que pese toda essa problemática, não tinha como não evidenciar o atual Governo Federal, que  não tem demostrando interesse em assumir esse  papel, sobretudo, face o total despreparo da ministra Damares Alves.

A diretora do Sintrajuf Marcela Soriano avaliou o evento e as discussões como excelentes. “As  palestrantes demonstraram muita propriedade e conhecimento sobre os assuntos abordados. Acho que o encontro valorizou o protagonismo dos movimento feminista, negro e LGBT na luta em defesa da classe trabalhadora, contra o ataque de direitos e retrocessos”, analisa a dirigente.

Já a servidora de Pernambuco, Katia Saraiva, avalia o encontro como “bem proveitoso, uma vez que sendo o primeiro evento após a plenária Nacional das três esferas do serviço público, já tirou o indicativo para que a Fenajufe encaminhe para os sindicatos o engajamento na agenda de lutas dos servidores públicos em todo Brasil”. Para Saraiva, foi importante também reconhecer que é necessário o combate aos retrocessos aos direitos trabalhistas e sociais na América Latina, em particular Brasil Chile e Venezuela. “Não posso deixar de citar que isso também vem ocorrendo em países da África e Ásia, como por exemplo na Argélia, em que assim como ocorreu com Lula, a presidente do Partido do Trabalho, Luisa Hanune, também sofreu uma perseguição judicial injusta e criminosa para impedir luta da classe trabalhadora em defesa dos seus direitos e conquistas”, ressalta Kátia.  

Após os debates foram formados grupos de trabalhos com vistas a formalizar sugestões de encaminhamentos para Fenajufe, a partir dos temas debatidos nos painéis. Dentre eles: 

* Criação de um Coletivo Nacional de mulheres;

* A Federação deverá orientar os sindicatos da base no sentido de informar a população sobre a destruição dos serviços públicos, implementada pelo governo Bolsonaro;

* Criação de um espaço de acolhimento, com a assessoria jurídica e apoio psicológico nos sindicatos e tribunais, para casos de assédio moral, sexual, entre outros;

* E realização de curso anual de formação com temáticas direcionadas às mulheres.

Ao final do encontro foi aprovado um Manifesto que pode ser lido aqui

O Sintrajuf-PE vai manter em sua pauta permanente as questões debatidas e aprovadas no encontro, na intenção de seguir avançando na construção de um Coletivo Regional de Mulheres.